Com o receio de ser acusado de paralisar as investigações do Conselho de Ética durante o recesso parlamentar, o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalha nos bastidores para adiar a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Pelo regimento do Congresso Nacional, o recesso parlamentar só pode ter início depois da aprovação da lei. Renan Calheiros não quer passar a imagem de que o recesso poderá protelar as investigações do conselho sobre o processo no qual é acusado de quebra de decoro parlamentar. Nos bastidores, o presidente do Senado alega que, nos últimos dez anos, a LDO não foi votada no mês de julho, o que abre caminho para o Congresso funcionar em uma espécie de "recesso branco", o que permite a manutenção das atividades do conselho. O senador é acusado de pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, Maria Catarina (de três anos) com recursos da empreiteira Mendes Júnior. O Conselho de Ética espera concluir as investigações sobre o caso somente em setembro. Por isso, Renan Calheiros trabalha para que o Congresso não entre em recesso, uma vez que, com atividades paradas ou não em julho, as investigações vão andar em passos lentos no próximo mês. A Polícia Federal estabeleceu o prazo de 20 dias para concluir perícia nos documentos encaminhados pela defesa de Renan Calheiros. Só depois da perícia os três relatores do processo, senadores Renato Casagrante (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE), prometem dar prosseguimento às investigações. Renan também teme ter que presidir a sessão do Congresso Nacional para a votação da LDO, já que deputados federais da oposição prometem obstruir os trabalhos se o senador estiver na presidência dos trabalhos. O PPS lidera um movimento de boicote, caso Renan insista em presidir a sessão do Congresso porque argumenta que o senador deve se afastar do cargo até que as investigações do conselho estejam concluídas. Na quinta-feira a Comissão Mista de Orçamento do Congresso aprovou o texto básico da LDO. Na próxima terça-feira serão votados cerca de 700 destaques ao texto principal. Só depois de aprovada na comissão a LDO poderá ser enviada para votação em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Fonte: VideVersus