A petista Dilma Rousseff está reeleita Presidente do Brasil. Ela obteve 54.494.915 votos, representando 51,64% dos votos válidos dos brasileiros, enquanto o senador Aécio Neves (PSDB) alcançou 51.036.149 votos, representando 48,36%. Resumindo, ela foi reeleita por uma diferença de menos de 3,28%. O Brasil tem, agora, uma presidente da República tremendamente desgastada, e sem legitimidade para governar. As contas são simples: as abstenções (aqueles que não foram votar) alcançaram 30.125.743 eleitores, representando 21,1%. Os votos brancos foram 1.981.727 (representando 1,7%) do eleitorado, e os votos nulos alcançaram 5.219.339 votos (ou 4,36% do eleitorado). Isso significa que 75,6% do eleitorado brasileiro não chancelaram a reeleição da presidente Dilma Roussef (o eleitorado é composto por 142.822.046 de pessoas. A petista Dilma Rousseff encontrará, para o seu segundo mandato, um País rigorosamente dividido. Ela perdeu no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás. Aécio Neves colocou fora a sua eleição justamente em seu Estado, Minas Gerais, onde teve uma fragorosa derrota. Perdeu o governo do Estado, tomado no primeiro turno pelo petismo, e perdeu o segundo turno. Dilma fez 5.979.422 votos dos mineiros, representando 52,41 do eleitorado, e Aécio Neves teve apenas 5.428.821 votos, representando 47,59% dos eleitores de Minas Gerais. Ou seja, ele deixou de fazer a lição elementar de qualquer político: se pretende alcançar o poder no País, precisa controlar o poder na sua própria terra de origem. Foi assim que Getúlio Vargas fez a Revolução de 30, estabelecendo antes a paz interna no Rio Grande do Sul, alinhavada por Oswaldo Aranha, o que lhe deu a sustentação política para fazer o movimento militar que o levou ao Rio de Janeiro. É inacreditável que ele tenha sido derrotado em Minas Gerais e que tenha tido uma monumental vitória em São Paulo, onde recebeu 15.296.289 votos, representando 64,31% do eleitorado, enquanto a petista Dilma teve apenas 8.488.383 votos, representando apenas 35,69%. E nem vamos falar do Rio de Janeiro, onde ele efetivamente mora, e onde sua tão decantada aliança política se mostrou completamente fracasssada. Resumindo, ao fracassar no Rio de Janeiro e Minas Gerais, ele descambou para a derrota. E mais uma vez, as luvas de pelica do tucanato levaram o partido para a derrocada eleitoral, pela quarta vez consecutiva, porque os políticos do PSDB insistem em se comportar como aristocratas, cheias de mesuras e etiquetas, enquanto os petistas se vestem para a guerra e agridem de todo modo. Essa quarta derrota consecutiva do único partido que até agora se mostrou minimamente competitivo para enfrentar o petismo parece chegar aquele ponto em que a população brasileira precisará pensar, seriamente, em uma nova opção política para enfrentar o petismo. Aécio Neves é o presidente nacional do PSDB e agora a sua posição nesse cargo fica enormemente fragilizada, porque não soube cumprir com seu papel. Parece evidente que o eleitorado paulista, o Estado de São Paulo, é que deverá empunhar a bandeira principal do enfrentamento com o petismo. É o estado onde existe a mais forte classe média do País e que não se dobra aos avanços do petismo e do atraso do bolivarianismo. É o único no País que reúne essas condições. Os outros estados são atrasados, como o Rio Grande do Sul, onde a fazendeirada (a aristocracia ganadeira) poderia ter contribuído para eleger Aécio Neves, dando-lhe uma vantagem mais sólida, e desviou cerca de 1.500.000 votos para Dilma Rousseff. Ou seja, os fazendeiros votaram em Dilma e no PT pensando nas caminhonetes importadas novas que compram todos anos e nas viagens anuais que suas mulheres e filhas fazem em cruzeiros pelo Caribe e para a Disney, na Flórida. É uma classe média tremendamente diferente daquela de São Paulo. No Rio Grande do Sul, esses contingentes são ligados ao setor primário, tradicionalmente atrasado, inculto, quase primitivo. A classe média paulista é ligada a setores dinâmicos da economia nacional e tem outra noção de poupança, não participa da gastança alucinada das reservas nacionais como os terratenientes gaúchos. É impressionante, enquanto os gaúchos deram apenas 500 mil de vantagem para Aécio Neves sobre a petista Dilma, catarinenses e paranaenses, cada um, contribuíram com uma diferença de quase um milhão e meio para o candidato tucano. Isso comprova o quanto a economia desses dois Estados é, hoje, enormemente mais dinâmica do que a do Rio Grande do Sul, Estado cujo futuro imediato é totalmente sombrio. Dilma Roussef está reeleita. Mas o modo como alcançou a reeleição, sem legitimidade, a forçará a buscar essa legitimidade e pelo caminho do confronto, através de plebiscitos que legitimem as iniciativas totalitárias em direção à instauração de um regime bolivariano pleno. O futuro imediato do País é muito inseguro. No campo político ela não terá qualquer dificuldade para manter reunida sua base parlamentar, mas esta não se revelará mais tão necessária. O petismo viu, nesta eleição, com todas suas provocações, e com todas as centenas de iniciativas terroristas, que a tática da pressão enorme funciona. E vai buscar a continuidade do confronto. E isso será necessário também para iludir o desastre da economia.
Fonte: VideVersus