A petroleira OGX anunciou nesta quinta-feira que as reservas prováveis
para o campo de Tubarão Martelo são um terço do volume total recuperável
estimado inicialmente pela endividada companhia do empresário de
fancaria Eike Batista. Tubarão Martelo é, atualmente, o principal ativo
da OGX e tem previsão de iniciar produção neste trimestre. O campo faz
parte do acordo da OGX com a petroleira malaia Petronas para a venda de
participação de 40 por cento em dois blocos na bacia de Campos. A
Petronas, porém, ainda não fechou o negócio, informando em agosto que
aguardaria a reestruturação da dívida da petroleira de Eike Batista para
dar prosseguimento ao negócio que garantiria 850 milhões de dólares à
OGX. Em fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira, a OGX
informou que Tubarão Martelo, originário dos blocos BM-C-39 e BM-C-40,
na Bacia de Campos, possui reserva provável de 87,9 milhões de barris
óleo equivalente (boe) e possível de 108,5 milhões de boe. Em abril do
ano passado, a OGX declarou comercialidade dos blocos em águas rasas com
estimativa de "um volume total recuperável de 285 milhões de barris de
petróleo deste campo ao longo do período de concessão da fase de
produção". "Não temos o que comemorar, o volume é bem menor do que o
informado inicialmente", afirmou uma analista de banco de investimento,
sob condição de anonimato. A certificação das reservas de Tubarão
Martelo foi realizada pela DeGolyer & MacNaughton. As reservas
prováveis indicam maior certeza de recuperação comercial, enquanto as
possíveis são aquelas com menor grau de certeza. "Acho que é por isso
que a Petronas pode desistir da área, percebeu que o volume era menor
que o comunicado inicialmente", afirmou o economista Aurélio Valporto,
representante de um grupo de 70 acionistas minoritários da OGX. Até o
fim do segundo trimestre, a OGX havia perfurado seis poços produtores
horizontais em Tubarão Martelo. A OGX disse nesta quinta-feira que as
informações sobre reservas dos campos operados por parceiros serão
divulgadas oportunamente. Na bolsa, as ações da OGX mostravam
estabilidade às 13h38, a 0,22 real. Os papéis acumulam perda de 95 por
cento em 2013. Os sucessivos fracassos na campanha exploratória da OGX,
que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de
Eike Batista, deixou a petroleira em situação crítica de caixa. Na
terça-feira, a OGX optou por não pagar 45 milhões de dólares em juros
sobre bônus no Exterior, no primeiro passo do que pode se tornar o maior
calote da história por uma empresa latino-americana. A agência de
classificação de risco Standard & Poor's rebaixou o rating da OGX de
"CCC-" para "D", afirmando que o não pagamento dos juros "sinaliza um
default generalizado e que a empresa reestruturará sua dívida" (condição
de lixo). Segundo a OGX, o contrato dos bônus no Exterior garante à
companhia "30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja
caracterizado o vencimento antecipado da dívida". No total, apenas em
bônus no mercado internacional a OGX tem dívida de 3,6 bilhões de
dólares. A petroleira contratou como assessores o banco Lazard e o grupo
de investimentos Blackstone para coordenar as discussões com os
detentores de bônus, enquanto revisa sua estrutura de capital e plano de
negócios.
Fonte: Vide Versus