por LEANDRO COLON
A presidente Dilma Rousseff afirmou em Bruxelas que a inflação de maio, de 8,47% em 12 meses, é "atípica" e "preocupa bastante". Para ela, porém, essa alta não deve levar a população a reduzir o consumo.
"Pelo contrário, acho que a população tem de continuar consumindo", disse, após participar da cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe).
Embora o BC cite os aumentos de preços administrados pelo governo entre os motivos de preocupação (leia na pág. 21), Dilma isentou sua gestão de responsabilidade pela aceleração dos preços. "A inflação deste ano é atípica, é fruto de várias correções. É um objetivo que temos de derrubar e logo." A presidente citou setores que têm influenciado esse crescimento inflacionário, entre eles a seca no Nordeste e a crise na falta de água no Sudeste.
William Mur/Editoria de Arte/Folhapress
O ajuste cambial foi outro fator mencionado.
"Esse ajuste não fomos nós que provocamos, mas sofremos o efeito dele", disse, comparando a oscilação do dólar entre 2012, a R$ 1,60, e agora, a R$ 3,17.
Ao comentar a crise de 2008, Dilma foi lembrada da declaração do ex-presidente Lula de que era um "tsunami" nos EUA, mas chegaria ao Brasil como "marolinha".
Embora em julho de 2014 a então candidata à reeleição tenha considerado em entrevista que foi um erro chamar a crise de "marolinha" (veja quadro acima), nesta quinta a presidente voltou a defender a declaração de Lula.
"Para nós, naquele momento, foi sim, senhor. Mas depois a marola se acumula e vira uma onda. Sabe por que vira onda? Porque o mar não serenou, meu filho. Se o mar tivesse serenado, ou seja, se a economia americana tivesse, de fato, tido uma crise em ′V′... Mas não foi isso. Isso faz quantos anos? Sete anos de crise nós temos nas costas. Sete anos."
Fonte: Folha Online - 12/06/2015