O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), de 70 anos, renunciou nesta quarta-feira ao mandato para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado Federal. Por meio de carta, lida pelo senador Mão Santa (PMDB-PI), Roriz disse que renunciava para salvar sua honra e fez críticas ao "desapreço" dos colegas e à atuação do corregedor-geral Romeu Tuma (DEM-SP). "Às vezes, da renúncia depende a honra do cidadão. Nessas denúncias todas, pesaram apenas o propósito de destruir uma vida pública", disse ele na carta. Com a renúncia, Roriz evita o processo que, no limite, poderia cassar seu mandato e torná-lo inelegível até 2022, quando terá 86 anos (ele completa 71 anos em agosto). Roriz disse que sua decisão foi tomada em respeito aos eleitores do Distrito Federal. "São por essas razões que sou obrigado a tomar essa decisão, por respeito ao povo do Distrito Federal. Não temo que meu gesto seja interpretado como demonstração de fraqueza. Prefiro acreditar na grandeza que se pode colher quem vive os fatos da história”. Ele demonstrou ter ficado magoado com o corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que disse que as denúncias contra o colega eram graves. Roriz disse que o corregedor não se ateve às cautelas éticas. O peemedebista também se queixou da falta de coleguismo, já que somente 12 senadores acompanharam seu discurso de defesa. Nesta quarta-feira, apenas cinco senadores estavam no Plenário durante a leitura da carta de renúncia. A renúncia foi apressada pela decisão tomada pela Mesa Diretora do Senado Federal, nesta terça-feira, de encaminhar a representação do PSOL contra Roriz para o Conselho de Ética. Para evitar o processo, Roriz precisava renunciar antes de ser notificado pelo conselho. Como o presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse que notificaria Roriz nesta quinta-feira, o senador peemedebista encaminhou na noite desta quarta-feira sua carta de renúncia. Roriz foi acusado de quebra de decoro após a divulgação de conversas telefônicas que mostraram ele negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura. A partilha seria feita no escritório do empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol. As gravações foram realizadas durante a Operação Aquarela, comandada pela Polícia Civil do Distrito Federal, que desbaratou um esquema de desvio de dinheiro do BRB. O ex-governador negou as acusações e disse que pediu um empréstimo de R$ 300 mil a Nenê, quantia descontada de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário. O dinheiro, segundo ele, teria sido utilizado para comprar uma bezerra e ajudar um primo. Nos últimos dias, as denúncias contra Roriz ganharam um elemento extra com a publicação de uma reportagem da revista Veja, informando que Roriz teria utilizado parte dos R$ 2,2 milhões para subornar juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal em processo contra ele nas eleições do ano passado. A grande suspeita em Brasília é de que a fonte da revista Veja foi exatamente o suplente de Roriz, Gim Argelo. Roriz tentou articular, até o último momento, apresentar um pedido de renúncia em bloco. Ou seja, renunciariam ele, o primeiro suplente, Gim Argello, e o segundo, Marcos de Almeida Castro, irmão do advogado de José Dirceu (Kakay Almeida de Castro, que também é advogado do ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça, acusado de vender decisões judiciais em benefício da máfia da jogatina). A renúncia em bloco abriria uma vaga de senador pelo Distrito Federal, já que não haveria substitutos para Roriz. Com isso, a Justiça Eleitoral teria que convocar nova eleição no prazo de 90 dias. A expectativa de Roriz era conseguir ser eleito novamente para o Senado. Fonte: VideVersus
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