Luiz Francisco Correa Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, 
denunciante do esquema corruptor Mensalão do PT, e réu na ação penal em 
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, fez duros ataques nesta 
segunda-feira ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, 
responsável pela acusação, e reclamou da Corte determinação de 
diligências para a investigação das responsabilidades do ex-presidente 
Lula no esquema petista de compra de apoio no Congresso. Barbosa afirmou
 que seu cliente foi incluído como réu no processo para ser 
"silenciado", já que desta forma não poderia ser testemunha de acusação.
 "Roberto Jefferson é denunciado aqui só para não abrir sua boca 
enorme", disse Luiz Francisco Correa Barbosa durante apresentação da 
defesa no Supremo Tribunal Federal. Roberto Jefferson, presidente 
nacional do PTB e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro, denunciou o 
esquema do Mensalão do PT que envolveria o desvio de recursos públicos e
 compra de apoio da base aliada no Congresso, o que detonou a pior crise
 política do governo do ex-presidente Lula em seu primeiro mandato. O 
caso veio à tona em 2005. Segundo o advogado, Lula "não só sabia, como 
ordenou o desencadeamento de tudo isso". "Lula tinha conhecimento. Não 
como um pateta, mas se portou como um omisso, que traiu a confiança do 
povo", acrescentou. As críticas a Gurgel foram de que o Ministério 
Público não conseguiu produzir provas no caso e não aceitou pedidos para
 investigar a responsabilidade de Lula. Ele afirmou ainda que o 
procurador-geral está sendo "demandado por crime de omissão", sendo 
denunciado no Senado Federal, orgão ao qual cabe processar o procurador 
geral. "A Procuradoria não fez seu trabalho", disse o advogado. Segundo 
ele, a ineficiência irá originar "um festival de absolvições". " A prova
 é precária, o mandante está fora", disse ele, referindo-se a Lula. 
Barbosa utilizou boa parte dos 41 minutos utilizados na defesa para 
atacar o trabalho do procurador-geral e para falar da responsabilidade 
de Lula no esquema. Ao defender Jefferson dos crimes de corrupção 
passiva e lavagem de dinheiro, afirmou que os 4 milhões de reais que 
Jefferson confirmou ter recebido eram recursos do PT para o PTB que 
seriam usados nas eleições municipais de 2004, e que não representavam 
ilícito. E mostrou item por item das leis e resoluções do Tribunal 
Superior Eleitoral que permitiam isso. Ele voltou a afirmar que Roberto 
Jefferson esteve com Lula para avisar do suposto esquema e citou como 
testemunhas então ministros e líderes do governo e aliados, como 
Walfrido Mares Guia, Aldo Rebelo, Arlindo Chinaglia. A fala de Luiz 
Francisco Correa Barbosa no Supremo foi a mais devastadora de todas. 
Para começar, ele denunciou que a Procuradoria Geral da República 
produziu uma denúncia inepta deliberadamente, para gerar absolvições, e 
para não indiciar o principal envolvido e interessado, no caso Lula. 
Acusou o procurador Roberto Gurgel de omisso porque, passado mais de um 
ano, não tomou qualquer deliberação na procuração que lhe foi 
encaminhada pela procurador federal Manoel Pastana, denunciando o 
ex-presidente Lula por crime, ao atender os interesses dos bancos 
mineiros que financiaram o esquema corruptor do PT. No caso, a edição de
 uma Medida Provisória e um decreto que garantiram ganhos bilionários 
aos bancos Rural e BMG na concessão de empréstimos consignados. Segundo 
Luiz Francisco Correa Barbosa, o procurador-geral da República, Roberto 
Gurgel, quer jogar "o povo contra o tribunal". "E por que quer fazer 
isso? Porque não cumpriu seu papel", disse, referindo-se ao fato de que o
 ex-presidente Lula não foi denunciado como responsável por envolvimento
 no escândalo. O advogado disse que Gurgel "se recusa a fazer o seu 
trabalho". Barbosa destacou que três ex-ministros são réus, José Dirceu,
 Luiz Gushiken e Anderson Adauto, mas ressaltou que eles eram apenas 
auxiliares do ex-presidente: "Lula não só sabia como ordenou o 
desencadeamento de tudo isso que essa ação penal discute aqui. Ele 
ordenou. Aqueles ministros eram só auxiliares". Para Barbosa, dizer que 
Lula não sabia é uma ofensa ao ex-presidente. "Claro que sua excelência 
(Gurgel) não pode afirmar que o presidente da República fosse um pateta,
 um deficiente, que sob suas barbas estivesse acontecendo tenebrosas 
transações e ele não soubesse nada". Barbosa destacou que Jefferson 
contou a Lula sobre o esquema e disse que este não tomou nenhuma medida 
para investigá-lo. Destacou que uma certidão emitida pela então chefe da
 Casa Civil, Dilma Rousseff, atual presidente da República, dava conta 
que nenhum procedimento foi aberto a mando de Lula. Luiz Francisco 
Correa Barbosa apresentou uma questão de ordem, que precisará ser 
analisada pelo Plenário do Tribunal. Ele quer que seja aberta 
investigação contra Lula, ainda neste processo do Mensalão, ou em 
processo em separado. Apresentou as provas (a medida provisória e o 
decreto de Lula que beneficiaram o Banco Rural e o BMG) e afirmou que o 
Supremo não pode ignorar a lei, no caso o artigo 40 do código penal, que
 diz que um juiz ou tribunal devem agir, determinando que seja 
instaurado o referido processo.
Fonte: VideVersus 

Simplesmente brilhante. Esse honra a nossa classe.
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