"Dona Coisinha". Desta forma a então juíza e hoje ministra
do TST Dora Maria da Costa foi chamada durante uma audiência por uma
senhora simples, de origem rural, em uma Vara do Trabalho de Goiás.
Ao invés de parar o trabalho e pedir que a parte mudasse o tratamento
dado a ela, a hoje ministra fingiu que não ouviu e seguiu com a
audiência. Tinha percebido que aquilo não se tratava de desrespeito, mas
era apenas resultado da origem rude da mulher.
Ao relatar o caso para os alunos do 5º Curso de Formação Inicial da
Escola Nacional da Magistratura do Trabalho, a hoje ministra do TST
ressaltou que uma das qualidades que o magistrado precisa ter
sensibilidade para não barrar um trabalhador ou testemunha numa sala de
audiência porque ele está de chinelos, que talvez seja "o único calçado que tem".
Nesse clima informal, a experiência de situações pitorescas foi passada para os 80 alunos do curso.
O ministro Antonio Carlos de Barros Levenhagen lembrou que "sentença" vem do latim "sentire".
Portanto é importante e necessário que os novos juízes ouçam com
atenção todas as partes envolvidas, e sejam os leitores dos sentimentos
vivos dos que vêm ao juiz pedir por justiça.
O ministro Marcio Eurico Vitral lembrou que "tomei posse como
juiz na segunda-feira e na terça já me colocaram numa sala de audiência,
e com muitos processos acumulados para julgar".
Entre suas principais preocupações quanto aos novos juízes, ele citou a "juizite",
gíria criada pelos advogados para designar magistrados que se tornam
demasiadamente vaidosos de seu saber e poder, considerando-se superiores
aos demais mortais.
Vitral contou uma história sobre um juiz que teria dito, ao tomar posse, que "agora vou jogar todos os livros fora, porque não preciso aprender mais nada", causando risadas na turma.
Especialmente ao se chegar a uma Vara, um lugar que se está
conhecendo, é preciso ficar atento a alguns pontos, alertou o ministro
Walmir Oliveira da Costa.
Para começar, tratar a todos com urbanidade, e lembrar que o advogado
é o principal interlocutor do juiz junto a comunidade jurídica. "Se ganharmos o respeito deles, o trabalho fica mais simples", afirmou.
É fundamental também que os juízes estudem os autos do processo com cuidado, antes de entrar na sala de audiência, "pois os advogados vão testá-los", lembrou
Por último, o magistrado Walmir Oliveira da Costa recomendou que os
juízes, quando possível, recebam os advogados em suas salas. Porém
ressaltou que "vocês não precisam dizer nada, só ouçam", para não antecipar decisões. (Fonte: ENAMAT).
Fonte: Espaço Vital
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